Uma vez que o tema é Afrodite, resolvi inserir mais um quadro integrado no declínio dos deuses romanos. A eleita, é então Vénus, outrora conhecida, precisamente, como Afrodite.
Diziam que, era nesses dias, uma mulher que irradiava uma beleza única, como a do oceano que a tinha gerado. Daí que não fosse difícil associá-la aos amantes e à fertilidade. Porém, se conseguiu sobreviver a um mundo em plena mutação, quando os gregos foram substituidos no exercício do poder pelos romanos, agora o caso é outro. Enquanto contempla o horizonte, vê o império romano que a acolheu, desvanecer-se lá longe no horizonte. E, subitamente, sente-se envelhecer... envelhecer. É verdade que a idade tinha-lhe conferido outro tipo de beleza. Mas, naquele império consagrado unicamente ao exterior, a sua maturidade deixava de ter sentido. Para além disso, agora o tempo já não é de amor, mas sim de guerra. Por isso, Vénus, também ela, vê os seus dias a chegar ao fim. Contudo, antes que isso aconteça, resolve, então, pedir um último desejo a Júpiter: ter a oportunidade de ver, antes do ocaso, a sua própria imagem para a poder contemplar e sentir alguma inveja da mulher que foi em tempos...